Wednesday, July 05, 2006

A sabedoria de Eça de Queirós


" A Universidade, que, em todas as nações, é para os estudantes uma Alma Mater, a mãe criadora, por quem sempre se conserva através da vida um amor filial, era para todos nós uma madrasta, carrancuda, rabugebta, de quem todo o espírito digno se desejava libertar, rapidamente, desde que lhe tivesse arrancado pela astúcia, pela empenhoca, pela sujeição à sebenta, esse grau que o Estado, seu cúmplice, tornava a chave das carreiras.", "A Universidade era, com efeito, uma grande escola de revolução:e, pela experiência da sua tirania, aprendiamos a detestar todos os tiranos, a irmanar com todos os escravos".
Estas foram as palavras de Eça de Queirós quando frequentava a Universidade de Coimbra e, como diz muito intelectual português depois de ver no cinema essa pornochachada do crime do padre Amaro, o Eça é um daqueles tipos que é sempre actual.
O que é uma pena.
Hoje em dia a Universidade é um antro de mentes menores, egos fracos e vontades sádicas, para além de ser um hino à verdadeira medíocridade intelectual, perpétuada pelos anacrónicos professores académicos que tem 90 anos à 500 anos.
Até aqui tudo bem, é ridículo, é catita, é kitsch e se alguém pensar bem até dava para fazer uma sitcom sobre a vida numa universidade.
O problema que surge é que a Universidade é a casa-mãe dos políticos portugueses. Quase todos os políticos tem uma carreira académica, como professores, ou tem outras ligações, permitindo desta forma que ,em época de maré baixa política, os nossos políticos encontrem sustento para as suas vidas ociosas, contradizendo as teorias de Darwin.
Para quem andou na universidade sabe bem que os professores universitários são na sua maioria patetas, burros, déspotas em potência (para contrabalançar com os seus complexos de inferioridade) e pior de tudo recusam se a inovar.
Eu tive um professor (que era um verdadeiro pateta, mas que tinha razão em algumas coisas que dizia) que era da opinião que todos os textos com leis deviam ser rasgados e os juízes deviam usar do bom senso. Outro professor que tive costumava atacar violentamente o Marquês do Pombal (a figura histórica e não a estátua, se bem que eu acreditasse que ele fosse capaz disso) achando que o dito senhor era o culpado pelo estado de Portugal na actualidade.
Ambos são o oposto polar um do outro e ambos são patetas (sim portugueses e portuguesas os homens que escrevem as vossas leis, os homens que ensinam os vossos juízes, advogados e magistrados são patetas).
E é no meio desta patetice, idiotice e pseudo despotismo que vão saindo os nossos políticos, sem nunca passarem por uma profissão a sério.
Será que Portugal não muda? Será que não se acaba com este complexo de "casa maçónica" que as universidades sofrem? Será que para o ano eu vou ter aulas com algum dos idiotas que está agora no Governo?
X
Ps: Que tal para o ano não existir campeonato nacional de futebol? eu gostava de ver turbas à porta das sedes dos partidos, do parlamento e dos ministérios quando eles fizessem merda.

5 comments:

menir said...

Caro X, pense na produtividade, se assim fosse (a questão das turbas ululantes) ninguém fazia mais nada na vida... Confesso que gostava que o pessoal pegasse na política como pega no futebol (todos menos os jornalistas), por muito que hoje esteja em estado de nervos...

[A] said...

...afinal eu é que tive razão em ter ido para a "moda" em vez de para filosofia...patetice por patetice...
xxxx

aquelabruxa said...

adorei "os maias" e gostei muito do "crime do padre amaro"...

Alien David Sousa said...

Bem, quanto ao Eça; adoro, ainda é o meu escritor português de eleição. Li o "Mistério da estrada de Sintra" numa noite.

Universidade, fugi de Direito para ir aterrar em design e dar o salto para Marketing e Publicidade onde terminei o curso.
Não sei se foi por o meu curso ter a ver com artes, mas tenho saudades dos tempos da faculdade. Tenho saudades das aulas de cinema, das de arte, das de rádio...enfim. Tenho saudades do ambiente descontraido e da liberdade que os professores nos davam para nos ultrapassarmos, para sermos cada vez mais criativos. Como eles diziam, nas agências a vossa arma é a criatividade.
Sim, a liberdade para criar é do que sinto mais saudades da faculdade. E claro, das tardes passadas a beber umas loirinhas ali ao pé do pessoa.
Beijinho X

aquelabruxa said...

um... o mistério da estrada de sintra... não sabia que era do eça... já sei que livrito vou adquirir em lisboa este verão, e saborear pelos jardins e sítios...