Portugal e a Europa têm uma relação muito especial, nós somos como aquele primo pobre que todos nós temos (ou somos na maior parte dos casos). Somos como aquele primo que nos gaba o carro, que se senta no nosso sofá e diz “… e viva o luxo…”, que fica com aquela cara de boi a olhar para o palácio quando vê a nossa televisão, somos como aquele primo que fala aos amigos do nosso carro, como se fosse dele, e lá por dentro pensa assim “aquele filho da puta…que fez ele para merecer isto tudo…”Nós somos pior que esse primo parolo e desfavorecido monetariamente. Nós somos como aquele amigo de infância que parou de estudar no nono ano, que nos odeia por termos tido êxito e que não sente pudor nenhum em cravar nos dinheiro, porque não consegue arranjar um emprego porque a sua vocação é chular os outros, e como toda a gente sabe para se fazer disso profissão e tirar um curso superior, casar com as pessoas certas, e inscrever se no partido correcto na altura certa.
Nós portugueses, outrora povo descobrir de mundos, somos a escumalha mais interesseira, egoísta, e mal agradecida (neste ponto os franceses estão à nossa frente). Quantas vezes não ouviram amigos que foram em excursões dizer coisas do género: “o café espanhol é uma merda, ainda bem pior que a merda do café italiano”, ou então “nunca mais volto a Inglaterra a comida deles é uma merda”, enfim para o português o estrangeiro é uma merda, (os emigrantes não partilham desta opinião, mas também ninguém quer saber da opinião de alguém que conduz um Mercedes branco e ouve o Tony Carreira a altos berros), mas mesmo os emigrantes estão mortinhos para voltarem para Portugal, porque no fundo eles sabem (ou pelo menos acham que o estrangeiro é uma merda).
É verdade, o café italiano é uma bela porcaria, tal como o café espanhol e a comida inglesa a maior merda à face da Terra, mas no estrangeiro não nos roubam a carteira nos autocarros turísticos, as casas de banho estão limpas e quando vamos comer a um restaurante não triplicam o preço e quando pedimos uma indicação não nos mandam com enorme sorriso para a auto-estrada do norte, é claro que todos nós conhecemos uma mão cheia de pessoas que diriam logo “ não digas disparates eu estive numa casa de banho em Madrid que tinha merda por todo o lado, até no tecto aquela estrebaria tinha merda, e no metro em Paris fui assaltado por 20 franceses armados de navalhas…”. São estes mesmos estrangeiros de merda (como os carinhosamente os apelidamos por razão alguma) que todos os anos nos enviam subsídios, que vem directamente dos seus impostos, para nós construirmos estações de metro de mau gosto, para construirmos estádios de futebol e essencialmente para os nossos agricultores construírem piscinas e comprarem Mercedes, porque graças a Deus a geada fodeu a colheita toda…
Xenofobia, racismo… nem uma coisa nem outra, pura e simplesmente temos uma dor de cotovelo do caralho, porque outrora estivemos no topo e agora somos a pastilha presa na sola da Europa. Para o português, os estrangeiros estão sempre a foder nos, fodem nos na pesca, na agricultura, os filhos da puta até nos fodem na merda do futebol (ainda hoje se fala no jogo que perdemos contra Inglaterra em 1966, simplesmente porque os ingleses jogaram melhor). Na realidade os estrangeiros não tem culpa que pesquemos sardinhas em barquitos, dos quais o Vasco da Gama teria vergonha, usamos as técnicas mais atrasadas na agricultura e também não tem culpa da tradição de indisciplina, vaidade da selecção portuguesa.
É claro que não detestamos tudo o que vem de fora, porque se há coisa que Portugal gosta mais que uma derrota injusta e que sardinha em cima de pão de milho são as mulheres estrangeiras, nós adoramos as estrangeiras porque elas são altas, bonitas, louras e sexualmente desinibidas (ao contrário das nossas marias de perna curta, peida grande, bigodinho e mais hipócritas em relação ao sexo que um padre americano com um catalogo da Chicco na mão). Ainda há esperança para o estrangeiro…
Por curiosidade resolvi fazer um levantamento dos países mais detestados em Portugal.
Espanha:
Como nós detestamos os “nuestros hermanos”. Palavras como Aljubarrota continuam vivas na nossa memória, (claro que foi confortavelmente esquecido o facto de que se não tivessem sido os ingleses com as suas armas e estratégias estávamos bem fodidos). Apesar de termos dado o braço a torcer em relação à paella e ás tapas, continuamos apelidar a comida espanhola de “comida de merda”, achamos os espanhóis uns ciganões que falam alto e não se sabem comportar, mas adoramos as espanholas (apesar das porcalhonas não tomarem banho e porem perfume por cima do sarro acumulado de um dia de trabalho).
Os cabrões dos espanhóis são os culpados de todos os nossos problemas: roubam nos a água nas suas barragens, vendem nos as suas frutas e legumes, alimentados com produtos nucleares, a preços baixos atirando os nossos agricultores para a miséria, invadem o nosso mar e roubam o peixe todo… enfim para nós os espanhóis são o diabo na Terra, e os portugueses como bons católicos detestamos os espanhóis tão fervorosamente como os benfiquistas detestam os sportinguistas. Alias detestamos tanto os espanhóis que o General Franco enviou a família real espanhola para Portugal, com esperança que alguém o matasse.
Em jeito de conclusão nós detestamos os espanhóis, temos doentio fetiche pelas espanholas e se pudéssemos declarávamos guerra a Espanha e dávamos cabo daquilo tudo.
França
Detestamos os franceses, e com razão, esses francius de merda invadiram nos, foram salvos por nós na 1 guerra mundial, e no entanto tratam nos como se fossemos a pior escória do mundo. Claro que este facto é perdoável, uma vez que eles são snobes e mal-educados com todas as pessoas do mundo.
Mas porque é que detestamos os franceses? Podíamos dizer que se deve ao facto de eles reprimirem e explorarem os nossos emigras, mas não as razoes porque os detestamos devem-se pura e simplesmente a dois factos: em primeiro lugar os franceses como membros da grande e morena família latina são os mais bichas dos latinos, são como os primos paneleiros que a maior parte das pessoas tem e detestam e negam; e em segundo lugar só posso dizer isto, Michel Platini, europeu de 1984, filhos da puta…
Querem mais razões?
Inglaterra
Temos com eles uma das mais antigas alianças do mundo, detestamos a sua arrogância, as suas invasões no Verão, o triplicar do preço das sardinhas por sua causa, ainda não nos esquecemos do ultimatum (grandas filhos da puta, esses bretões do caralho, ricos amigos hein?), no entanto adoramos as inglesas, adoramos o seu entre pernas, porque pura e simplesmente os bárbaros anglo saxónicos desconhecem a arte de amar (ainda que temporariamente) uma mulher (mas eles também não se importam, ao fim ao cabo não passam de uma nação de cornos que precisam de hostilizar países pequenos para se sentirem machos).
No entanto os ingleses são essenciais para nossa economia, que seria dos carteiristas de Alfama, Mouraria e Costa do Castelo se não fossem os “camónes”? Que seriam dos restaurantes da baixa, onde podemos comer a bela da sardinha rançosa a 15 euros a dose? Que seriam dos restaurantes e hotéis do Algarve? Que seria da vida sexual do Zézé Camarinha (e sem escárnio, ou mal dizer, digo que cada vez que este senhor encava uma bifa está a vingar um Portugal injustiçado pelo Ultimatum, pelo tratado de Methuen, e por outras merdas que tivemos que aturar).
Enfim, detestamos os bifes, adoramos as suas mulheres e o conteúdo das suas carteiras dão dinamismo à merda da nossa economia do terceiro mundo. Enquanto não descobrirmos petróleo ao largo das Berlengas, ou instalarmos uma central nuclear nas margens do Tejo, lá para os lados do Barreiro, temos que aturar estes gajos.
Eu podia desenrolar uma lista enorme de países que detestamos, mas estes servem de amostra. Agora vamos ver os países que nós adoramos:
Galiza:
Não é um país, mas Portugal é o único país no mundo que o reconhece como tal.
Irmãos na luta contra o demónio espanhol, estes nossos irmãos oprimidos falam a mesma língua que nós, tem uma comida fabulosa e são tão labregos como nós. São tão nossos amigos, amam nos de tal forma que eram capaz de se juntar nós, verem o seu nível de vida descer, só para serem portugueses. Eu adoro os galegos, e os portugueses também.
País Basco:
Mais um pais imaginário que Portugal reconhece a independência e acolhe os seus terroristas (aliás soldados da liberdade). Não gostamos tanto deles como dos Galegos, (especialmente porque não se querem juntar a nós, e porque não falam a mesma língua) no entanto a sua luta é alvo da nossa solidariedade, ao fim ao cabo fizemos o que eles estão a fazer agora durante séculos e séculos.
Viva País Basco, a luta continua (peço desculpa aos nossos camaradas bascos por não saber dizer isto em Euskadi).
Escócia e Irlanda:
Dois países, duas nacionalidades que não conseguimos distinguir dos ingleses muito bem. Ás vezes são assaltados no eléctrico 15 e no elevador da Glória, mas tudo por engano, mas no momento em que nos desvendam a sua identidade rendemos nos totalmente. Irmãos de armas na luta contra a barbárie inglesa, estes camaradas de sangue e alma celta são os poetas que inventaram e aperfeiçoaram o whisky, e que comemoram as derrotas dos seus clubes na praça do Comercio cantando e abraçando os portugueses.
Quase todos os portugueses que viram o Braveheart choraram, e quase todos os portugueses sentem uma empatia com o Ira, aliás basta ver o sucesso que bandas de merda irlandesas como os Corrs, os Crainberries e os U2 tem em Portugal.
Que nos diz esta analise?
Simplesmente isto, detestamos países grandes e opressores, porque nos pisam e nos humilham, e sentimos uma enorme empatia com os pequenos países incompetentes que não conseguem ter independência. A nossa independência foi um erro do Destino, um deslize de Deus, os Descobrimentos foram o maior golpe de sorte na História da Humanidade (tirando o Império Mongol) e o Quinto Império a maior treta que alguém já inventou. Nós devíamos ser dependentes, devíamos estar subjugados porque só desta forma somos fortes e audazes, (senão acreditem basta comparar o rei D. Afonso Henriques a todos os chefes de estado, excepto o Marquês do Pombal e o rei D. João II, e digo já que nenhum desses bananas do caralho tem a fibra desse grande português que foi o nosso primeiro rei).
Nós não somos um povo feito para ser livre, só fazemos merda (duas palavras para os entendidos: semi-presidencialismo), fomos feitos para sermos pisados e humilhados, só desta forma somos grandes, caso contrario somos uma cambada de barrigudos de bigode, que olham o horizonte de olhar vago e com espuma de imperial no bigode, enquanto tiramos um pedaço de tremoço da cárie com ajuda de um bilhete de autocarro.
Senão concordam comigo, bem que se podem ir foder.
X
13 comments:
SKAAAA,SKAA nevasse fazia-se cá sky...e esqueceste.te das santinhas, das velinhas e das peregrinações...oh meu deus!!! que se não é obra dos estrangeiros é obra do demo!!!da nossa responsabilidade never jamé!!!sabemos lá o k é isso do livre arbítrio...
Vou-me ali f**** e já volto.
Vá lá menir, esperava algo mais elaborado...
X
Rapazinho, acredita que não estou em estado próprio para comentar. Ainda me chateava praqui sei lá com o quê, depois mandava-te um pêro e era uma chatice... *
Foda se so de ler que vcs tugas odeiam nos a nós francesas.... vou me ja embora...obg pla tua visita na mema...
Adeus!!!
hummmm...sempre me fascinaram os piercings de língua....
ai tou pitosga mas nõ resisto aos teus posts!!
sim concordo
mas gosto dos ingleses e dos escoceses e dos irlandeses :)
portugal é um país pobre com o complexo provincial de país pobre
mas a comida é bem melhor!!!
Este pessoal anda muiito sensivel e universal...
X
Ps: fuck the french
Bem antes de mais deixem-me soltar uma : LOL
Agora que já me sinto mais aliviada tenho de destacar esta frase:
"pura e simplesmente temos uma dor de cotovelo do caralho, porque outrora estivemos no topo e agora somos a pastilha presa na sola da Europa."
O meu amigo X, tem toda a razão. São muitas as vezes que discordamos,o que até é saudável,estou-me a lembrar de um texto em que discordamos valentemente " A lareira e o cobertor". Neste caso, não.
Somo pequeninos e já mandamos nesta bola azul e agora, ninguém sabe quem somos nem onde fica POrtugal.
X, tenho de te dar os Parabéns pelo trabalho de pesquisa. Estão aqui muitas horas de sono perdido.
Quanto aos Emigrantes, gostem ou não, a visão do X, foi bem realista.Infelizmente.
É a maneira de ser do "Portuga".
Para finalizar, como eu já conheço o X de outros tempos, outro Blog. Só me lembro de um texto tão bom como este que foi o : " A toalha no Meco"
e não se pode reeditar "A Toalha do Meco"?
acordei ás 14 por causa da merda da toalha!!!!!
ainda por cima verde e azul!!!!
Ana,não sei se o X ainda tem o texto " A toalha no Meco" mas é um texto muito bem conseguido. Eu adorei. Esse e a " A lareira e o cobertor" estão no meu TOP 10 dos textos do X.
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